A fibra do cânhamo vem resgatando sua importância como matéria prima de destaque da indústria têxtil e deverá movimentar cerca de US$ 300 milhões em vendas nos Estados Unidos até 2020, segundo estimativa do relatório Hemp Business Journal, divulgado pela revista Forbes.
A fibra vegetal, que no passado deu origem ao tecido das velas das naus que impulsionaram os portugueses à conquista do Novo Mundo e que hoje ostenta etiquetas de famosas marcas internacionais do mundo da moda, ressurge como alternativa economicamente competitiva e ambientalmente sustentável frente ao algodão e aos tecidos sintéticos.
Além da durabilidade do tecido – a fibra do cânhamo é cinco vezes mais resistente que o algodão – outros aspectos também colocam o produto como originário da cannabis como um insumo interessante para a indùstria têxtil.
Por ser longa, a fibra da origem a um tecido forte e resistente. Ao ser usado na confecção de roupas, tem-se um produto que não estica como outras fibras naturais ou sintéticas, tendo a durabilidade e resistência como a principal característica.
Outro aspecto interessante para o mundo da moda é a porosidade da fibra, que garante maior absorção no processo de tingimento das peças, resultando ainda em um tecido respirável, adequado tanto para uso em climas quentes quanto para climas frios.
O viés ambiental é outro ponto forte. No processo produtivo, o plantio do cânhamo usa 75% menos água na comparação com o algodão – uma única camiseta de algodão exige 2,7 mil litros de água em seu processo de fabricação, enquanto o cânhamo usa, em média, 675 litros por unidade.
Na comparação com o algodão, a fibra do cânhamo também usa menos agrotóxicos e faz um uso menos intensivo do solo, com o dobro da produtividade por área plantada. Apesar disso, atualmente, o algodão domina 78% do mercado mundial de fibras naturais.
A Hemp Industries Association, dos EUA, projeta o crescimento do uso da fibra do cânhamo pelo segmento têxtil dada a versatilidade do produto, que permite inúmeros usos e possibilidades. A entidade prevê que o produto poderá até mesmo substituir o algodão, o linho e o poliéster em segmentos, aumentando a escala e baixando os custos do produto.
Esta visão é corroborada pelo pesquisador britânica Dr. Matthew Home, professor de produção de culturas agrícolas e que trabalha desenvolvendo a produção de cânhamo no Reino Unido. “Se um produto pode ser uma alternativa sustentável, mas ainda mantém as qualidades do algodão, então não há razão para que ele não se torne um recurso viável na indústria têxtil”, declara em artigo publicado no The Guardian.
Entre os itens fabricados á partir da fibra do cânhamo atualmente disponíveis no mercado norte-americano e europeu da indústria da moda, destacam-se camisetas, jeans, calçados, jaquetas, óculos, bolsas e acessórios.
Atualmente, o segmento têxtil corresponde a cerca de 15% do mercado total de produtos à base de cannabis nos Estados Unidos, segundo dados referentes ao ano de 2016. Isso representa um volume de cerca de US$ 100 milhões (R$ 325 milhões) em vendas anuais.
A perspectiva é que todo o mercado de produtos que usam a cannabis como matéria prima registre um crescimento de 700% ate 2020, atingindo um total de 2,1 bilhões (R$ 6,84 bilhões). Mantida a atual fatia do segmento têxtil nesta indústria, setor deverá movimentar aproximadamente (R$ 977 milhões) dentro de três anos.
A China, que de acordo com os registros históricos cultiva o cânhamo há mais de 7 mil anos, é o maior produtor mundial da fibra, responsável por 70% do volume mundial. Dados do Observatory of Economic Complexity mostram que, em 2016, o comércio internacional de fibra de cânhamo movimentou US$ 4,27 milhões (R$ 13,9 milhões), tendo os Países Baixos como maiores exportadores do produto (25%) e a Alemanha como maior importador (37%).
Fonte: Hemp Meds Brasil