“Mudou a vida da Yarinha, hoje ela voltou a comer, dormir bem e brincar como antes”, relata Júlia Souza, a tutora da cadelinha vira-lata Yara, de 1 ano e 11 meses.
Aos oito meses de idade, a cadelinha começou a apresentar seguidas crises convulsivas, mas melhorou após utilizar óleo rico em THC, conhecido como óleo de cannabis, ou canabidiol.
Tudo começou em 19 de março de 2019. Naquele dia, Yara teve mais de 10 crises. Júlia, que mora em Curitibanos, na Serra catarinense, resolveu enviar uma mensagem para o veterinário Erik Amazonas. Ele é professor da jovem de 21 anos no curso de veterinária da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). A jovem achava que a cachorra iria morrer.
“Oi professor, boa tarde. Desculpa te incomodar aqui pelo Whatsapp, mas é urgente. Minha dog está tendo convulsão. Isso de uma hora para outra. E nessa madrugada foi muito frequente. De verdade, acho que ela teve umas dez. Eu passei a maioria do tempo perto dela acalmando e cuidando para ela não se machucar”, dizia a mensagem.
Erik, então, foi até a casa de Júlia e medicou Yara com óleo de cannabis. “Ao entrar com o óleo, a crise parou em segundos”, relata o veterinário.
Yara ainda voltou a ter uma crise minutos depois do atendimento, sendo rapidamente medicada de novo pelo veterinário. Segundo Júlia, essa foi a última crise que a cadelinha teve em um ano – completado no dia 19.
Início das convulsões
Os primeiros sintomas de Yara tiveram início ainda filhote. “Ela começou a mastigar sem ter nada na boca, foi muito estranho”, relata Júlia.
No final daquele dia, ela teve uma convulsão mais forte, caindo no chão e começando a se debater. Após o episódio, a tutora conta que Yara tinha ao menos uma crise por dia. Até que chegou ao ponto de convulsionar seguidas vezes.
“Eu percebi que o intervalo entre uma crise e outra começou a diminuir. Antes era de uma hora e meia, passando para, apenas vinte minutos. As convulsões duravam em média um minuto”, relembra.
Para fazer o tratamento da cadelinha, Júlia já havia marcado consulta com um neurologista, para identificar o que estaria causando as convulsões. “A consulta seria na sexta-feira, porém na terça-feira ela teve essas seguidas crises, achei que não fosse suportar, foi quando chamei o Erik”.
A jovem contou que já tinha a idéia de fazer o tratamento com óleo de cannabis. “Já ia procurar o Erik para conseguir fazer o tratamento com o óleo, porém, primeiro gostaria de ter um diagnóstico”, explica.
A tutora continuou o tratamento com o óleo até o dia da consulta. Na sexta-feira, Júlia levou Yara até o especialista, que decidiu optar por utilizar um medicamento tarja preta, o Gardenal (fenobarbital).
O medicamento chegou a controlar as convulsões. Contudo, a cadela ficou “grogue” e ainda com alguns espasmos, detalha a estudante.
Júlia, então, decidiu suspender por conta própria o tratamento com a medicação convencional e seguir apenas com o óleo. “Foi o que gerou o resultado esperado. A Yara vai completar um ano sem ter crises”, conta a tutora.
Sem efeitos colaterais
Segundo Erik, a quantidade do óleo pode ser diminuída com o tempo pelo tutor do animal, conforme orientação prévia do profissional. “O tutor vê o animal todos os dias, ele pode controlar as doses”, explica.
Yara começou tomando cinco gotas do óleo a cada 12 horas. Com o tempo, a medicação foi reduzida, passando para três gotas a cada 12 horas. ” Hoje ela age normalmente, brinca, se alimenta e dorme muito bem”, conta Júlia.
Segundo Erik, o THC não provocou efeitos adversos nos animais observados por ele até o momento.
“Na medicina veterinária, o que eu tenho visto, é que temos tido melhores experiências com óleos ricos em THC do que em CBD. O que tem melhor funcionado para mim em vários animais é um òleo que tem 50×1 de THCxCBD. No caso específico da Yara, que está usando 2,5 mg/ml de THC e eu não tenho relatos de efeito colateral”, afirma.
Yara hoje, já sem crises.
Fonte: Ndmais